Para o ser que outrora fui
Hoje sou somente uma sombra.
Risos passados,
Lágrimas choradas,
Sentimentos tidos e perdidos,
Nada mais me deixa viver.
Sou uma corrosão de mim mesma,
Um pedaço de mim,
Um pedaço do vento...
Dói-me...
Dói-me pensar em ti e no que foste para mim
Saber que de ti nada resta senão uma memória gasta
Memórias de beijos e carícias doces
Do calor do teu corpo e do teu cheiro...
Dói-me...
Dói-me olhar para a cama vazia
Ver ainda o teu contorno desenhado num forma perfeita
Formas que me enternecem
E me levam ao esquecimento....
Dói-me...
Dói-me sentir esta agonia, ver esta visão
Imaginar-te ainda vivo nesse lençol de sangue
Já não sei o que sentir... já não sei o que dizer...
Sinto apenas palavras mortas na boca,
Letras gastas, frases passadas...
O meu grito luta para se soltar
Mas também ele morre sufocado entre estes lábios...
A ansiedade queima-me a pele,
Ao mesmo tempo que uma estranha apatia me envolve nos braços.
Falta-me algo... falta-me força...
As minhas mãos fraquejam e o meu queixo treme,
Ao som deste compasso que me rouba a vida...
... guardas-me na memória quando me for?
Se eu soubesse largar palavras ao vento,
talvez elas te chegassem, meu amor.
Soltá-las livres e simples
para que mais depressa chegassem ao seu destino.
Queria que as saboreasses, meu amor,
que sentisses a sua doçura. amor meu.
Peço aos ventos piedade,
peço-lhes misericórdia e perdão...
Os ventos não me ouvem, meu amor,
não me levam tais palavras...
Ficarei com elas presas ao meu coração,
e esperarei pelo doce fim onde tas poderei finalmente dar,
meu amor....